Com a ascensão dos vídeos curtos, da rolagem infinita e do consumo acelerado de informações nas redes sociais, um termo ganhou destaque global e acendeu um alerta: “brain rot”, expressão que pode ser traduzida como “podridão cerebral”. A definição é provocativa, mas resume bem um fenômeno crescente — a deterioração da capacidade cognitiva causada pelo uso excessivo de conteúdos rasos e fragmentados na internet.
Segundo o Dicionário Oxford, que escolheu o termo como palavra do ano em 2024, o “brain rot” representa os efeitos cumulativos da hiperexposição digital, principalmente entre jovens e adultos conectados por várias horas ao dia.
O que dizem os dados
De acordo com o relatório Digital 2025, produzido pela We Are Social em parceria com a Meltwater: • O brasileiro passa, em média, 6h40 por dia online • 2h30 desse tempo são dedicados exclusivamente às redes sociais • O conteúdo mais consumido são vídeos curtos, que priorizam velocidade, estímulo visual e repetição
Esse modelo de consumo não apenas rouba o tempo do usuário, mas também altera sua forma de processar informações e de reagir ao tédio e ao silêncio.
Sinais de alerta no comportamento
Os efeitos do “brain rot” ainda estão sendo estudados, mas relatos clínicos e observações empíricas apontam sinais recorrentes:
• Dificuldade de concentração prolongada
• Esquecimento de informações recentes
• Procrastinação e sensação constante de improdutividade
• Ansiedade quando se está longe de estímulos digitais
Esses sintomas tendem a se agravar quando o uso das redes sociais se torna automático, compulsivo ou a única fonte de entretenimento e estímulo.
Existe saída? Sim, mas exige consciência digital
Especialistas não defendem o abandono total da tecnologia, mas a mudança na forma de utilizá-la. Algumas recomendações incluem:
• Intercalar conteúdo leve com consumo mais profundo, como livros, podcasts e cursos online
• Realizar pausas programadas, com momentos de desconexão ao longo do dia
• Reorganizar o feed para priorizar informações educativas e inspiradoras
• Evitar o celular antes de dormir e nos primeiros minutos ao acordar
Um fenômeno contemporâneo que exige reflexão
Embora não seja uma condição médica formal, o “brain rot” simboliza uma transformação silenciosa no comportamento humano diante da tecnologia. Para muitos estudiosos, a atenção se tornou um bem escasso — e preservá-la pode ser um diferencial no trabalho, nos estudos e na qualidade de vida.
Em uma era de estímulo constante, o desafio é claro: ser mais seletivo com o que se consome e redescobrir o valor do foco, da pausa e do conteúdo de qualidade .
Por Redação Vox SC