Braçadas sustentáveis une esporte, ciência e preservação em SC

Foto: Divulgação

O dia 1º de junho, durante a realização do Ironman Brasil , marca o início do diagnóstico ambiental voltado à avaliação da qualidade da água em praias do litoral catarinense com uso recreativo e esportivo intenso. O projeto contempla cinco praias amplamente utilizadas para a prática de Natação em Águas Abertas, uma modalidade em franca expansão no Brasil. A modalidade ganhou visibilidade nas Olimpíadas de Paris 2024, quando foram investidos R$ 8,4 bilhões na despoluição do Rio Sena para a realização das provas. 

O estudo foca na geração de dados sobre riscos à saúde de nadadores e à integridade dos ecossistemas costeiros. A pesquisa é conduzida por Sandra Koch, mestranda em Ciências Ambientais na FURB e bolsista da CAPES. Ultramaratonista aquática, tem no currículo provas de destaque, como a travessia de 36 km entre Porto Belo e Itajaí (Costa Verde & Mar) e os 30 km no Rio Negro, no Amazonas.

Durante o mês de junho, na baixa temporada, serão realizadas coletas de amostras de água nas praias de Jurerê (Florianópolis), Cabeçudas (Itajaí), Balneário Camboriú, Porto Belo e Bombinhas, que serão replicadas na alta temporada, com o objetivo de identificar contaminantes e avaliar o grau de exposição ao qual os usuários recreativos estão sujeitos, com o apoio do LABORATÓRIO AMBIENTAL FREITAG para a análise dessas amostras. Como ponto de controle foi escolhida a Ilha Deserta na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, que ocorrerá por meio de uma travessia a nado de ULTRAMARATONA , partindo de Florianópolis, com data a ser definida entre os dias 6 e 9 de junho, conforme as condições climáticas, evento que terá o apoio da REDE CLIMA e do VELEIRO ECO da UFSC.

“O projeto busca preencher uma lacuna importante na compreensão da saúde ambiental, condições a que estão expostos os usuários recreativos. Pretendemos oferecer dados que contribuam para o enfrentamento de doenças de veiculação hídrica e que auxiliem no desenvolvimento de estratégias eficazes de monitoramento e preservação da saúde planetária”, destaca Sandra Koch, idealizadora do projeto.

Os resultados obtidos permitirão compreender os efeitos dos contaminantes tanto na saúde humana quanto na preservação dos ecossistemas, contribuindo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 3 – Saúde e Bem-Estar e o ODS 14 – Vida na Água. O estudo faz parte da iniciativa “Braçadas Sustentáveis – Pelo Futuro da Água”, e contará com ampla divulgação em eventos de extensão, publicações científicas e ações de conscientização junto à sociedade. Durante os eventos de coleta serão realizados nados coletivos, com um bate-papo de sensibilização de usuários recreativos e esportivos.

Foto: Divulgação

A atleta e pesquisadora tem apoio de diversos parceiros, entre eles: AQUON Brasil, AABB Blumenau, Dermaestética, Alexandre Kirilos (treinador) e Nádia Venturi (nutricionista esportiva), que atuam tanto na viabilização do estudo quanto no suporte à atleta-pesquisadora. 

Mais do que um retrato atual da balneabilidade, o projeto é um convite à reflexão: rever práticas, ampliar o monitoramento e garantir, com base científica, o acesso seguro e sustentável não apenas às praias, mas a todo ambiente marinho.


Por Alexandre Cardillo